Ecos do passado

Para os que gostam de história no blog, transcrevo uma matéria sobre a Festa de Iemanjá do dia 2 de fevereiro de 1938, publicada no jornal Estado da Bahia. Coletei esse recorte dentro do trabalho de pesquisa que realizo sobre a vida do etnólogo Edison Carneiro. Embora não esteja assinada, a matéria provavelmente foi escrita por Edison, um dos primeiros a produzir matérias positivas sobre o candomblé nos jornais baianos, já que o culto afro sempre era tratado com escárnio nas folhas. A linguagem da época foi preservada. Uma curiosidade é que naqueles anos os presentes eram depositados nas águas na parte da manhã. E como o jornal era vespertino, publicou a matéria sobre o assunto no mesmo dia da festa.

Festa da Mãe-Dagua no Rio Vermelho

Todos os annos, neste dia, a gente humilde da Cidade presta homenagens à mãe-dagua, a Yêmanjá dos negros africanos ou a Yara dos indígenas brasileiros.
Senhora das Águas, rainha do Calunga, a mãe-dagua – invocada sob os mais diversos nomes, Janaína, Rainha do Mar, Inaê, Dandalunda, Sereia Makunã, dona Maria, Princeza do Aloka, Marabô, etc, - protege principalmente os marinheiros, os pescadores, os homens do mar não sendo de admirar, por isso mesmo, o culto ruidoso que lhe rendem os homens simples do littoral da Bahia, do Monte Serrat, no Dique, na Amoreira, em diversos outros pontos das vizinhanças da Cidade.
Entre os pontos de adoração mais conhecidos está o Rio vermelho, uma das “aguas” onde os devotos devem collocar presentes para a mãe-dagua, afim de se darem por quites com ella.
Hoje, o dia magno da amável dona Maria, a colônia de pescadores do Rio Vermelho, as 11 horas do dia depositou nas aguas o seu costumeiro presente à poderosa rainha do fundo limoso do Calunga...

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7 Comentários
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  1. Muito boa essa informação.UM resgate de como acontecia essa festa que hoje atrai para o R.Vermelho milhares de pessos, nessa mesma praia abandonada pela prefeitura e demais esferas do poder, e não tem solução nem mesmo no ano em que o bairro, dizem que completa 500 anos

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  2. Interessante mesmo essa informação.Essa pesquisa é para algum trabalho de mestrado?

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  3. Não, Leo. Não é para mestrado. A prequisa é para um livro, perfil biográfico de Edison Carneiro.

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  4. Esse livro vai ser lançado por qual editora?

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  5. Deve ser lançado pela Coleção Gente da Bahia da Assembléia Lebislativa/Egba até o fim do ano.

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  6. Relíquia.
    Queríamos nós, textos com este nível atualmente.
    Parabéns a bt por mais esta obra.

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  7. Boa tarde. Meu nome é Carlos Lopes, neto de Licídio Lopes autor do Livro " O RIO VERMELHO E SUAS TRADIÇÕES" Agora eu venho compartilhar com vocês esse meu projeto e espero que gostem e comentem, compartilhem e deixem seus comentários no canal, também se inscrevam lá!
    acessem o link e escutem o audiobook!
    http://www.fundacaocultural.ba.gov.br/2021/03/15230/AldirBlanc-Publicitario-e-artista-plastico-Carlos-Lopes-lanca-o-audiobook-Livro-Andante-no-youtube.html

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